Algumas músicas antigas me trazem lembranças sempre que as ouço. Algumas boas, outras ruins. Mas não que isso faça diferença. O que acontece é que elas me trazem lembranças.
Puttin’ On The Ritz, de Irving Berlin, é uma delas. Sempre que toca essa música, eu lembro dos meus tempos áureos em Wall Street. Ganhei bastante dinheiro lá investindo em uma barraquinha de cachorro quente que vendia bem para o pessoal dos bancos. Mas então a ganância falou mais alto e eu comecei a especular: colocava mais mostarda que ketchup, trocava a salsicha comum por uma de frango e exagerava no curry. Perdi tudo para Rockefeller com sua barraquinha de pipoca, inteligentemente batizada de Pipockefeller. O sujeito era bom de negócios mesmo.
Outra música que me traz lembranças é A Fine Romance, na voz do Louis Armstrong. Ela me lembra a fórmula de Bhaskara. Eu usava a melodia e troquei a letra para ajudar a decorar. Até hoje não consigo cantar a letra original, mas me emociona do mesmo jeito.
In a Sentimental Mood, na versão do Duke Ellington com o Coltrane, é uma que me deixa melancólico. Ela me faz recordar de tempos difíceis, nas minas de Wigan Pier, esquecido na solidão daquelas catacumbas. E isso é bem estranho, porque eu nunca estive nas minas de Wigan Pier.
E então, quando os olhos começam a marejar, mudo para Feeling Good, da Nina Simone. Essa lembra de quando eu velejei pelas Granadinas, ao sabor do vento e com o sol batendo forte na cara. Bons tempos. Lembro dessa época não pela letra ou pelo espírito engrandecedor da melodia, mas porque na ocasião eu acabei acertando de proa um outro veleiro chamado Feeling Good. Foi bem irônico ver o desespero dos tripulantes contrastando com o nome otimista da embarcação, escrito em letras douradas.
3.9.12
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