Quando o Sol se levantou naquela manhã,
A Soberba já estava em pé o aguardando.
— O que faz à minha espera?
Perguntou o Sol em seu fulgor de beleza.
Soberba, que vivia de eras e eras, respondeu:
— Vim cumprimentar-te realeza!
— Tu!? Que vive de ti mesmo e nada mais?
Confessa então submissão a quem te ilumina?
— De modo algum! — Soberba respondeu.
Eu te dou a luz, Estrela, esta é tua sina!
Enfurecido, o Sol sobe ao alto do céu:
— Tu!? Um ínfimo orvalho que se desfaz sob meu calor?
Tu!? Que não passa de um túmulo dourado dos homens!
Que se alimenta de esterco e de corpos a se decompor!
Soberba, em sua ignorância, sorriu em seu brilho:
— Mas a quem preferem os homens? Responda-me essa!
Senão a quem os glorifica e os elevam no pedestal!
E não a ti, que és sempre o mesmo, todos os dias, ora essa!
Ardendo em raiva, gritou o Sol:
— Sem mim, nem a ti existiria! Quanta ingratidão!
Insulta-me teu pedestal invisível e tua artificialidade!
Destruo a ti com apenas um dedo de minha mão!
— Não sejas tolo, grande rei!
Existo até mesmo em tuas palavras!
Meu fim é impossível! Os homens oram em meu dourado túmulo!
E neles para sempre viverão minhas larvas!
Vencido, o Sol se pôs aquele dia.
Soberba manteve sua pose e seu sorriso.
Naquela noite os dois iriam dormir em seus túmulos.
Enquanto os homens se afastam do paraíso.
Esse texto foi retirado do excelente blog Ilusionistas do Verbo. Espero que tenham apreciado.
30.11.09
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