23.3.12

Quando escapei da morte

Fico sempre indeciso quando estou em um restaurante com cardápio muito variado. Já me deparei certa vez com um cardápio que vinha em dezoito fascículos. Me enrolei no pedido e acabei comendo um testículo de touro vegetariano.

O que eu quero dizer é que fica difícil tomar uma decisão quando a gama de opções é grande demais. Foi o que me aconteceu quando fui condenado à morte por entrar no elevador que já tinha mais de oito pessoas. As leis de lotação de elevador são muito rígidas de onde eu venho.

Eu estava sentado na cadeira elétrica. O oficial responsável só estava esperando carregar o celular dele para ligar a cadeira na tomada. Enquanto isso, resolveu me conceder um último pedido.

- Depende. Quais são as opções?

- O que você quiser. – ele parecia bastante benevolente.

- Mas… qualquer coisa?

- Qualquer coisa. É o seu último pedido. É justo.

Aí é que começou o meu desespero. Não sabia o que pedir. Pensei, naturalmente, em pedir uma tórrida noite com a Scarlett Johansson, incluindo cafuné completo, na suíte presidencial do Burj Al-Arab. Mas eu pensei se não deveria aproveitar a oportunidade para realizar o meu sonho de ser o primeiro homem a pisar na Lua. Eu também andava com vontade de comer o spaghetti a carbonara do Pasquale, mas não sabia se eles entregavam a domicílio.

Com o tanto de opções, acabei errando de novo. Pedi testículo de touro vegetariano.

A minha sorte é que era a época do racionamento de energia. Deu o horário de pico e eles não poderiam mais ligar a cadeira elétrica porque alguém no prédio já estava usando o chuveiro quente. Saí de lá com uma advertência do oficial, dita em voz grave e ameaçadora.

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